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Manifestação pró-Bolsonaro na Avenida Paulista tem críticas a Moraes, apoio a Trump e discurso de Nikolas
Lula mantém reprovação maior que aprovação após tarifaço
Por Janete
Publicado em 04/08/2025 17:20
Política

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) realizaram neste domingo (3) manifestações em diversas cidades do país, com foco na defesa da anistia a investigados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O principal ato ocorreu na Avenida Paulista, em São Paulo, reunindo lideranças políticas e religiosas ligadas à direita.

Mesmo impedido de participar presencialmente, Bolsonaro acompanhou os protestos de casa, em Brasília, onde cumpre medidas cautelares impostas por Moraes. Desde o dia 18 de julho, ele está proibido de sair da capital aos fins de semana e de utilizar redes sociais. Em mensagem enviada por lista de transmissão, o ex-presidente agradeceu os apoiadores: “Obrigado a todos, pela nossa liberdade”.

Foco em Trump e críticas ao STF

As manifestações ocorrem na esteira das sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos ao ministro Alexandre de Moraes, sob a chamada Lei Magnitsky — medida que animou a base bolsonarista, que vê na atuação internacional do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) uma forma de pressionar o STF. Ao mesmo tempo, o aumento de tarifas promovido por Donald Trump sobre produtos brasileiros gerou desconforto no governo Lula.

Bandeiras dos EUA e cartazes em apoio ao presidente norte-americano foram vistos nos protestos, que também tiveram como bandeiras o impeachment de Moraes e a tramitação de um projeto de anistia a condenados por envolvimento em tentativa de golpe.

Ausência de Tarcísio e presença de lideranças

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), apontado como possível sucessor de Bolsonaro em 2026, não compareceu ao ato na capital paulista por motivos de saúde. Segundo o prefeito Ricardo Nunes (MDB), ele se submeteu a um procedimento médico. “Ele faz falta”, declarou Nunes, que participou da manifestação ao lado de nomes como o pastor Silas Malafaia, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG).

Em discurso, Nikolas anunciou que será protocolado nesta semana o 30º pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes. “Ou os senadores expurgam Moraes do STF, ou eles serão expurgados do Congresso em 2026”, disse, dirigindo-se ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O parlamentar também cobrou que a Câmara dos Deputados paute o projeto de anistia. “Presidente Hugo Motta, chegou a hora de dividir os meninos dos homens. Não brinque com a vida das pessoas presas injustamente, com penas desproporcionais”, afirmou.

Com o slogan “Reaja, Brasil”, os atos deste domingo seguiram uma nova estratégia de descentralização, permitindo que parlamentares liderassem protestos em suas bases eleitorais. Além de São Paulo, também houve manifestações em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Goiânia e Belém — onde participou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Nas redes sociais, lideranças bolsonaristas usaram frases como “Brasil acima do STF” e “Brasil com Bolsonaro” para convocar a militância. Em São Paulo, organizadores celebraram o grande público, embora lideranças como o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e o pastor Silas Malafaia tivessem relativizado a importância da quantidade de participantes em manifestações anteriores. Cavalcante ironizou os estudos de contagem de público da USP, que indicaram queda de presença em atos anteriores: “Uma tal da USP não sabe contar brasileiros”. O deputado Marco Feliciano (PL-SP) também ironizou: “Vão dizer que flopou. Flopou aonde?”.

As principais reivindicações dos manifestantes — anistia ampla para envolvidos no 8 de Janeiro e o impeachment de Moraes — enfrentam forte resistência no Congresso. A análise de especialistas é que, apesar da mobilização, ambas as pautas têm baixa probabilidade de prosperar, especialmente sem apoio do Senado ou da presidência da Câmara. Ainda assim, os protestos mostram que a base bolsonarista permanece ativa e mobilizada.

 

 

 

 

Lula mantém reprovação maior que aprovação após tarifaço

A gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue com reprovação de 40% e aprovação de 29%, segundo pesquisa Datafolha divulgada neste sábado (2). O levantamento foi feito com 2.004 eleitores de 130 cidades do país, entre os dias 29 e 30 de julho, durante a escalada das tensões na guerra comercial com o presidente americano Donald Trump.

Com os resultados, houve manutenção da avaliação de “ruim/péssimo”, enquanto a de “ótimo/bom” oscilou de 28% para 29% na comparação com a rodada anterior da pesquisa, publicada em 12 de junho. A avaliação do governo como “regular” teve variação de 31% para 29% e 1% dos entrevistados não deu opinião.

A pesquisa mostra que Lula segue com maior desaprovação com o eleitorado de classe média baixa (62%), mais rico (57%), evangélico (55%), sulista (51%), mais instruído (49%) e com idade entre 35 e 44 anos (48%).

A pesquisa divulgada neste sábado também mostra que 50% dos eleitores desaprovam o trabalho de Lula no Executivo Federal e 46% aprovam, em estabilidade estatística em relação ao levantamento de junho, segundo o Datafolha.

 

 

 

 

Quaest: Apoio a Trump em posts sobre Magnitsky dispara de 27% para 54%

Nesta sexta-feira (1º), as discussões nas redes sociais e plataformas sobre a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes passaram a ser dominadas por posts a favor da medida.

A constatação é de levantamento da Quaest, que coletou quase 4 milhões de menções sobre o fato entre 28 de julho e esta sexta (até 18h, pelo horário de Brasília). A aplicação da lei contra o magistrado ocorreu em 30 de julho, uma quarta.

No dia em que os Estados Unidos sancionaram Moraes, foi registrado mais de 1,3 milhão de menções sobre o assunto em redes sociais e plataformas diversas, como Facebook, X e Reddit.

Nesta data, 60% das menções manifestavam críticas aos Estados Unidos e ao presidente Donald Trump, enquanto 28% eram a favor. 12% foram consideradas neutras.

Um dia depois — na quinta, 31 de julho —, as menções caíram para 750 mil, mas a tendência se manteve: 62% de críticas, 27% de manifestações favoráveis e 11% neutras.

Porém, nesta sexta, o cenário se inverteu: 54% das menções passaram a ser a favor da medida de Trump, enquanto 30% eram críticas e 16%, neutras.

De acordo com a Quaest, as menções pró-Trump alcançaram 616,6 milhões de usuários nesta sexta, enquanto as contrárias ao presidente americano chegaram a 320 milhões.

“Diante da derrota nas redes nos dois primeiros dias após o anúncio da Magnitsky, bolsonaristas levantam a campanha ‘Brasil acima do STF’ como tentativa de reverter o desgaste narrativo”, aponta relatório da Quaest.

“A frase passou a circular em perfis influentes e ganhou força como novo eixo mobilizador, associando nacionalismo ao enfrentamento direto ao Supremo Tribunal Federal”, acrescenta.

Nesta sexta, a Quaest identificou, até às 18h, cerca de 850 mil menções à aplicação da lei contra Moraes.

 

 

 

 

Oito ministros não se manifestam a favor de Moraes em sessão do STF

A sessão de reabertura das atividades do Judiciário foi marcada por discursos dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) favoráveis à soberania brasileira. As falas também incluíram palavras de solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes, sancionado nesta semana pelo governo dos Estados Unidos.

O decano Gilmar Mendes, o presidente Luís Roberto Barroso e o próprio Moraes fizeram discursos. Os ministros que não se manifestaram foram André MendonçaCristiano ZaninFlávio DinoCármen LúciaDias ToffoliEdson FachinNunes Marques e Luiz Fux.

Cármen Lúcia, contudo, se manifestou na abertura da sessão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o qual preside. A ministra afirmou que Moraes será lembrado na história pela sua atuação nas eleições de 2022.

Na noite anterior, uma reunião no Palácio do Planalto entre o presidente Lula e os magistrados da Corte também contou com ausências: seis dos onze ministros não compareceram.

Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Nunes Marques, Luiz Fux e André Mendonça foram nomes ausentes em foto que pretendia mostrar unidade contra as punições dos EUA expedidas a Moraes.

Alguns, como Gilmar Dino, também se manifestaram publicamente no dia em que as sanções foram aplicadas.

Discursos

Em sessão plenária, Alexandre de Moraes prometeu ignorar a Lei Magnistky e manter a previsão de julgar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros réus do plano de golpe ainda neste ano.

Todos os ministros participaram da sessão. Dias Toffoli e Nunes Marques acompanharam por videoconferência.

Já o ministro Luís Roberto Barroso, que abriu os discursos, anunciou que faria a leitura de um pronunciamento intitulado “O Supremo Tribunal Federal e a defesa da institucionalidade”.

 

Barroso fez um levantamento histórico dos ataques sofridos pelo Judiciário ao longo dos anos no Brasil e citou os processos da trama golpista, dos quais Moraes é relator, e afirmou que todos os réus serão julgados com base nas provas produzidas sem qualquer tipo de interferência.

Já Gilmar Mendes fez fortes críticas ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho de Jair Bolsonaro. Para o decano, existe uma escalada de ataques contra a Corte que atinge a população brasileira como um todo.

Sanções a Moraes

Na última quarta-feira (30), o ministro Alexandre de Moraes foi sancionado pelo governo dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky.

A legislação americana tem como objetivo punir financeiramente, com o congelamento de bens e investimentos nos EUA, estrangeiros que tenham violado direitos humanos.

Na visão de Washington, Moraes comete uma “caça às bruxas”, praticar censura e violar direitos humanos. A justificativa cita para a sanção cita Bolsonaro.

“Moraes é responsável por uma campanha opressiva de censura, detenções arbitrárias que violam os direitos humanos e processos politizados — inclusive contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A ação de hoje deixa claro que o Tesouro continuará a responsabilizar aqueles que ameaçam os interesses dos EUA e as liberdades de nossos cidadãos”, afirmou o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, em comunicado.

 

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